A nova sigla surgiu com sinais de novos comportamentos que foram acelerados pela pandemia – BANI 🔄 VUCA

Nas últimas décadas vivemos em um mundo VUCA. Como já é conhecido, esse termo combinado ou sigla consiste em descrever o cenário mundial, que traz como significado volátil”, incerto”, complexo” e ambíguo” e foi claramente moldado pelos resultados da Guerra Fria. Posteriormente, serviu como um grande ponto de orientação em termos de abordagens e orientações para trabalhar, pensar e compreender o mundo em geral.

No entanto, a situação mudou significativamente e a complexidade, parece ter evoluído.

O resultado é uma drástica mudança a partir dessa ótica que abre espaço para um novo conceito e visão de mundo.

Atualmente em uma situação sem precedentes, é notável um caos maior do que o VUCA – tanto na política, economia mundial e principalmente na situação atual de pandemia.

Para fins futuros, a aplicação da sigla BANI vem substituindo a sigla VUCA.

As siglas representam uma maneira simples de descrever por meio de quatro elementos o cenário mundial.

1. A ERA DO V.U.C.A.

V – Volatilidade: falta de estabilidade e previsibilidade

U – Incerteza: falta de capacidade de prever quais mudanças importantes podem vir

C – Complexidade: movendo-se de maneiras que os especialistas nunca viram antes

A – Ambigüidade: problemas em entender qual é o melhor curso de ação

O VUCA já não é novidade: foi criado há quase 30 anos por estrategistas militares e finalmente se espalhou no mundo dos negócios nos últimos 20 anos.  Foi muito usado para descrever o cenário até agora e consequentemente a entender o primeiro impacto da situação pandêmica, porém depois de um ano extremamente conturbado, essa visão tem caído em desuso e na velocidade das mudanças que todos vivem na atualidade.

2. O SURGIMENTO DO B.A.N.I.

Jamais Cascio, autor e futurista de grande prestígio mundial, apresentou um novo termo para a sociedade durante um evento no Institute for The Future (IFTF), argumentando que agora já não vivemos mais no mundo VUCA, mas sim no mundo BANI.

O curioso é que ele falou isso em 2018, há dois anos atrás, muito antes da pandemia dar início ao caos global atual, porém já com sinais de novos comportamentos que foram acelerados por causa da pandemia.

BANI é uma forma de melhor enquadrar o estado atual do mundo.  Algumas das mudanças que vemos acontecendo em nossa política, nosso meio ambiente, nossa sociedade e nossas tecnologias são familiares – estressantes de certa forma, talvez, mas de uma maneira que já vimos e lidamos antes.

Entretanto, muitas das convulsões atualmente em curso não são familiares, são surpreendentes e completamente confusas. Ocorrem de maneiras que não apenas aumentam o estresse, mas também multiplicam esse estresse.

B – Frágil: fácil de quebrar, sujeito a uma falha total e repentina.

A – Ansioso: medo de que qualquer escolha que possamos fazer possa ser a errada

N – Não linear: desconexão entre causa e efeito no tempo, proporção, percepção

I – Incompreensível: extremamente difícil, senão impossível, de entender.

O frágil pode ser forte e sólido na aparência, mas pode se desfazer rapidamente porque não tem resiliência. Parece funcionar bem até que atinge o ponto do colapso e, com a falsa sensação de estabilidade, não há preparo adequado para o fracasso e pode ocorrer o sentimento de incapacidade para lidar com o desastre. Fragilidade é uma força ilusória. Muitas vezes, a fragilidade pode ser causada por um único ponto de fraqueza negligenciado dentro do sistema.

Um sistema frágil em um mundo BANI pode sinalizar que é bom, é forte, é capaz de continuar, mesmo que esteja à beira de um colapso.

Sistemas frágeis não falham de forma delicada, eles se despedaçam. A fragilidade geralmente surge na tentativa de aumentar a eficiência, para maximizar e extrair o máximo de valor possível – dinheiro, energia, comida, trabalho – de um sistema.

Quando existe ansiedade, qualquer escolha pode ser potencialmente um desastre. Há muita tensão quando há presença de ansiedade e se inicia uma expectativa pelas próximas más notícias. A ansiedade pode levar a um estado de passividade, pois há temor em fazer uma escolha errada e piorar a situação. Portanto, a tendência é atrasar decisões e ações, que pode ser resumida pelo ato de procrastinar e isso pode, por sua vez, alterar o estado psicológico e resultar em depressão.

A ansiedade traz consigo uma sensação de impotência, um medo de que não importa o que façamos, sempre acontecerá o pior.  Em um mundo ansioso, toda escolha parece ser potencialmente desastrosa. Está profundamente ligada à depressão e ao medo.

Por outro lado,  o melhor a ser feito é evitar toda e qualquer fonte de notícias sobre o mundo. O ambiente de mídia parece perfeitamente projetado para aumentar a ansiedade.  Isso estimula a excitação e o medo. A apresentação da informação pela mídia resume-se no imediato sobre o exato. Existe um apelo que pode ser considerado como má informação, uma ampla categoria que engloba desinformação, exageros e notícias falsas. Evitar essas narrativas pode neutralizar o que provoca a ansiedade.

Em um mundo não linear, causa e efeito são aparentemente desconectados ou desproporcionais.

Os resultados das ações executadas ou não executadas podem ficar totalmente desequilibrados. Pequenas decisões resultam em consequências enormes, boas ou más.

Da mesma forma, o resultado de uma ação pode vir com um grande atraso ou imperceptível.  Além disso, nas conexões dentro desse processo podem não ser claras e pode ser impossível identificar um início claro e um final claro.

Porém ainda mais notável, a não linearidade é onipresente nos sistemas biológicos.

O crescimento e o colapso das populações, o comportamento do enxame e, como observado, a propagação de pandemias – todos eles têm um aspecto fortemente não linear. Observar de fora podem ser fascinantes de assistir; porém de dentro, podem ser surpreendentes. A não linearidade necessitaria de contexto, que podem ser mais reações do que soluções, mas sugerem a possibilidade de que respostas possam ser encontradas.

Há muita incompreensão em meio a eventos e decisões que parecem sem sentido, seja porque as origens são muito antigas, ou simplesmente muito absurdas.

Como, onde e a razão de certos acontecimentos é uma dúvida constante e existe uma grande busca na tentativa de encontrar respostas, mas as respostas não fazem sentido, o que impossibilita conduzir ações futuras.

A incompreensibilidade é, com efeito, o estado final da “sobrecarga de informações”.

Geralmente a primeira tentativa de solução para esse problema é aumentar o volume de dados disponíveis, mas isso pode ser contraditório, quanto mais tentar entender uma situação incompreensível, maior é o sentimento de opressão.

A incompreensibilidade parece ser característica própria ao tipo de sistema de aprendizado de inteligência artificial que foi estabelecido.

Tanto a VUCA quanto a BANI oferecem óticas das quais é possível decodificar a razão do que acontece ao redor e preparar para lidar com isso. É possível usar os mesmos acrônimos para descrever a capacidade necessária para responder a cada elemento.  Por exemplo, no caso do VUCA, para lidar com Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade, as habilidades necessárias são Visão, Entendimento, Clareza, Agilidade.

Todos os sistemas, desde as redes globais de comércio e informações até as conexões pessoais com nossos amigos, familiares e colegas, todos esses sistemas estão mudando, terão que mudar, dolorosamente as vezes. É algo que pode precisar de uma nova linguagem e que definitivamente exigirá uma nova maneira de pensar.

B – Algo frágil pode ser gerenciado com um plano B sólido.  Prepare sempre uma alternativa, mesmo para algo que aparentemente esteja funcionando bem.

A – A melhor maneira de lidar com a ansiedade é aumentar a conscientização.  Não podemos gerenciar algo se não podemos controlar, e não podemos controlar o que não temos conhecimento.

N – Um fenômeno não linear deve ser abordado sem expectativa.  Devemos manter uma visão renovada e uma abordagem franca e aberta para lidar com eventos, pessoas e tecnologia.

I – Quando algo é incompreensível, não podemos esperar para explorar totalmente o que está acontecendo antes de tomar uma decisão, então devemos desenvolver nossa intuição e confiar nela.

Na educação executiva e na literatura de negócios, esse dilema também foi refletido nos conceitos de TUNA (turbulento, incerto, novo, ambíguo), VUCA (volatilidade, incerteza, complexidade, ambigüidade) e BANI (frágil, ansioso, não linear e incompreensível).

O problema à nossa tendência de sermos pegos de surpresa e despreparados, no entanto, é que esse mundo está se tornando mais dinâmico, complexo e incerto, o que significa que é cada vez mais difícil antecipar mudanças significativas no cenário estratégico, a fim de se preparar contra seu impacto negativo no tempo. Será preciso manter-se cada vez mais conectado e buscar conhecimento para se antecipar e minimizar os efeitos.

As novas formas de identificação evisão de mundo ou o “novo normal” irá a soar cada vez mais familiar e será com certeza um tema recorrente nos próximos anos.

Espero que este conteúdo tenha ajudado você a conhecer melhor os conceitos BANI x VUCA. Vamos compartilhar? E você acredita nessas têndencias? Queremos ouvir seus comentários!

Deixe um comentário

Pular para o conteúdo