O blogpost dessa semana é especial! Nosso aluno escreveu sua história com as próprias palavras. Que honra, lição de motivação e orgulho por fazer parte da sua vida!
O compartilhamento dessas histórias tem como principal objetivo dividir com nossos leitores as boas práticas nas áreas em que nossos alunos estão se especializando.
Também mostrar ao nosso leitor que os desafios e as vitórias fazem parte do processo de crescimento e transformação de todos nós. Boa leitura !
E com vocês – o protagonista da nossa série: “Nossos alunos – uma história de vida”: Geisse Martins – aluno do Programa de Mestrado em Tecnologias Emergentes em Educação.
…..Eu sou filho de uma mulher que tem esquizofrenia e de um pai (falecido) que apenas tinha o ensino fundamental.
Eu sou autista com altas habilidades (Síndrome de Asperger). Entrei para a escola na década de 1980.( cabe aqui uma observação que nos auxilia nas reflexões finais: pacientes com determinadas patologias como as que Geisse descreve em sua história são minoria no Brasil e no mundo. Necessitam atenção especial em relação à inclusão, oportunidades e acompanhamento didático pedagógico adequado).
Quando entrei na escola já sabia ler e escrever, pois meu pai me ajudou no processo de alfabetização. Junto com as altas habilidades vieram também a Hipertimesia e também Hiperlexia , a minha trajetória na educação infantil foi uma mescla de paixão e ódio.
Paixão que eu sempre nutri pela escola e ódio por parte dos professores que não sabiam lidar com uma criança com altas habilidades.
Me lembro de algumas perguntas que fazia para as professoras:
- Professora só pode existir combustão quando há a presença de oxigênio? Se sim onde é produzido todo o oxigênio que mantem o sol em combustão constante?
- Professora se a lei da gravidade vale para todos os estados sólidos da matéria o que mantem as nuvens suspensas?
- Professora se o infinito acima da terra é escuridão total porque o céu é azul durante o e não preto como é durante a noite?
- Professora se as plantas respiram pelas folhas, por quê elas não morrem no outono quando as folhes caem?
Como as minhas perguntas eram lancinantes via de regra eu era mandado para fora de sala ou enviado para a biblioteca. Sem que elas soubessem eu voltava pior pois a biblioteca alimentava ainda mais a minha vontade por saber mais e mais ainda.
E ao passar do tempo o ensino médio e fundamental já eram passado.
Somente quando fui para a Escola Politécnica de Minas Gerais é que fui mais feliz. Concluí o curso de técnico em informática e logo em seguida ingressei no curso superior de Telecomunicações.
Ao término da graduação fiz um MBA na FGV/OHIO, logo depois ingressei em cursos de pós-graduação na área de educação e conclui 4 desses cursos.
Executei trabalhos de produção de materiais adaptados dentro e fora do Brasil. Em 2014 estive em Moçambique desenvolvendo projetos em parceria com a Vale.
Logo depois ingressei numa outra graduação em pedagogia concluindo em 2017. Em 2020 conclui outra pós graduação em Neurociências e Aprendizagem e já estou na 14ª disciplina no Mestrado na MUST University.
No ano de 2017 fui convidado para fazer parte de uma empresa de tecnologia que tinha um projeto de um teclado para que pessoas com deficiência pudessem acessar o computador.
Juntamente com a equipe criamos um programa educacional que foi aplicado em algumas cidades no Brasil como Recife, Curitiba, Contagem, Guarulhos, Santo André e São Luiz do Maranhão.
Esse programa Educacional nos anos de 2018, 2019 e 2020 recebeu inúmeros prêmios internacionais.
Em 2018 eu fui agraciado com um reconhecimento da comunidade europeia pelos serviços prestados a área da educação.
Conclusão
Querido Prof. Geisse, ao ler sua história, chegamos a algumas reflexões de extrema importância:
- Quantas minorias no nosso país estão desamparadas pelo sistema político, pela sociedade ou pela própria família ?
- O quanto grande é a responsabilidade de um professor despreparado? Em contrapartida quantas oportunidades um professor atualizado pode oferecer aos seus aluno.
- Quantos talentos ainda não descobertos?
- Quantas crianças com dislexia, autismo ou outro tipo de patologia não recebem apoio para o desenvolvimento e a autonomia que tanto precisam?
Convidamos leitores, alunos e professores para coloborar com seus valiosos comentários! E não percam o MUST CLASS da MUST University – Edição Tecnologias Assistidas ministrada brilhantemente pelo nosso aluno Prof. Geisse.